quarta-feira, 4 de julho de 2007

Parque Mayer finalmente alguém fala disto!!!

Candidatos falam finalmente do Parque Mayer



A poucos dias das eleições intercalares em Lisboa (15 de Julho), os candidatos vão-se pronunciando, mas sem projectos definidos, estando cada vez mais longe o projecto idealizado pelo arquitecto Frank Guerry, encomendado por Pedro Santana Lopes, quando presidia à autarquia.

O candidato do PS, António Costa, rejeita «projectos megalómanos» para o Parque Mayer, defendendo a articulação com o Jardim Botânico e a zona pedonal da Avenida da Liberdade.António Costa considera que deve ser a autarquia a definir o Parque Mayer como zona de lazer e cultura, independentemente do resultado do processo judicial sobre quem é o proprietário - a câmara ou a Bragaparques.«Uma coisa é o direito de propriedade, outra é a fixação do uso do solo, para o que a câmara não tem de esperar pelos tribunais», disse Costa durante um jantar com cerca de dois mil apoiantes no Centro de Congressos de Lisboa.Num debate promovido pelo Lisbon International Club, António Costa escusou indicar se haverá ou não teatro de revista nos futuros equipamentos culturais do parque.Questionado pelo cantor e actor Vítor Espadinha sobre o que acontecerá ao Parque Mayer, Costa reiterou que deve ser uma zona de lazer, em articulação com o Jardim Botânico e a zona pedonal da Avenida, incluindo o Teatro Capitólio e outros equipamentos culturais.«O que vai ser cada um dos equipamentos culturais não é uma pergunta que caiba à câmara responder. Não é a câmara que vai dizer qual é a programação de cada um daqueles teatros, se é revista ou não», acrescentou.Para António Costa, «não cabe à câmara impor uma política de gosto e dizer que tipo de arte se fará no Parque Mayer ou que tipo de actividade cultural».Este foi o lugar escolhido para o primeiro comício da candidatura socialista, a realizar quinta-feira, com a presença do secretário-geral do partido, José Sócrates.Segundo fonte da candidatura, a escolha do Parque Mayer pretende simbolizar o «paradigma da ineficácia da gestão PSD nos últimos seis anos» em Lisboa.

O candidato do PSD, Fernando Negrão, não tem dúvidas de que o parque precisa de uma requalificação urgente, classificando o espaço como «um buraco urbano» em termos de arquitectura.Negrão recorda que existem verbas do Casino Lisboa para fazer a recuperação do Capitólio, um edifício classificado, e construir de raiz um novo edifício.Já sobre o projecto de Frank Gehry, admite que não pode avançar em virtude da difícil situação financeira da câmara, mas afirma que tem de ser analisado em termos contratuais para se saber «o ponto da situação».«Não temos condições para avançar com esse projecto», reconheceu o candidato durante uma visita ao Instituto Jacob Rodrigues, onde estudam crianças e jovens surdos profundos e foi surpreendido com projectos de recuperação do Parque Mayer elaborados pelos estudantes.

Carmona Rodrigues, ex-presidente da câmara e candidato independente, fortemente atacado devido à permuta com a Bragaparques, mantém que o Parque Mayer foi «um bom negócio» e afirma-se de consciência tranquila.Carmona diz que o projecto de Frank Gehry, um dos grandes nomes da arquitectura mundial, tem de avançar e que o Capitólio será o elemento central da intervenção.«O que se pretende é um projecto de qualidade, um ex-libris da cidade, que funcione como um motivo de atracção arquitectónica», sustenta.Lamentando que haja «tanta resistência» ao projecto, Carmona Rodrigues, afirma que o Parque Mayer está a marcar passo e questiona «a culpa é de quem?», para logo responder: «essas pesssoas têm de ser chamadas à pedra».O candidato diz que o projecto se mantém na sua essência, como um espaço cultural, escolas de formação artística, zonas comerciais, habitação e serviços, que garantam parte do financiamento, a par de verbas do casino.Sobre a permuta dos terrenos privados do Parque Mayer (antigamente propriedade da Bragaparques) com os municipais da Feira Popular, afirma tratar-se de um processo transparente que já explicou «até à exaustão».«Estou farto de o clarificar, não tenho de explicar mais nada», disse recentemente.A 10 de Maio, a sua constituição como arguido no chamado caso Bragaparques, que envolveu o negócio da permuta de terrenos, levaria à queda da câmara.

Ruben de Carvalho, ex-vereador e cabeça-de-lista da CDU, defende a elaboração de um Plano de Pormenor para o Parque Mayer e diz que a defesa do Jardim Botânico não pode ser minimamente posta em causa.«Em relação às soluções que têm a ver com o imaginário e com a componente cultural, eu penso que é muita falta de confiança na capacidade criadora - para a qual não há razão, porque têm demonstrado tê-la em muitas circunstâncias - dos arquitectos, dos paisagistas, dos criadores portugueses em encontrar uma solução harmoniosa, de acordo com os interesses da cidade, que não seja um monstrengo arquitectónico, nem o desastre económico que foi, nem o disparate total que foi a permuta, que acabou por ser, além do mais, um dos embustes políticos», afirma. Ruben recorda que seis anos depois, não há Parque Mayer, não há Feira Popular, nem projectos.O candidato comunista defende a anulação do negócio com a Bragaparques e espera que o processo judicial, em que alguns ex-vereadores são arguidos, resulte na anulação da permuta e da hasta pública.A CDU colocou no seu sítio na Internet vídeos da Assembleia Municipal em que foi aprovada, com os votos do PSD, PS e do BE, a permuta de terrenos.Para a CDU, as eleições não podem ser separadas deste caso, isto é, da investigação criminal que motivou e da constituição de arguido do presidente e dois vereadores.

Helena Roseta, independente, classifica de excessivos e megalómanos os projectos pensados para o Parque Mayer, por se tratar de uma zona frágil e sensível.A arquitecta defende a ligação ao Jardim Botânico e restauração do Capitólio.«Estas ideias não são só minhas. Vários candidatos defendem o mesmo. Portanto assim é mais fácil a seguir às eleições haver um consenso para termos ali uma intervenção que dignifique aquela zona e que traga para ali funções culturais e lúdicas», afirma.

Optimista, o independente José Sá Fernandes, ex-vereador que concorre com o apoio do BE, sustenta: «no Parque Mayer estamos todos de acordo». «Capitólio - projecto inicial do (arquitecto) Cristiano Silva, grande interligação com o Jardim Botânico e com a Avenida da Liberdade, possibilidade de recuperar provavelmente o Avenida ou o Maria Vitória», é a sua proposta.«Temos ali a Praça da Alegria com o Hot Clube, o Maxime, se calhar podia aproveitar-se o Parque Mayer para dar melhores instalações ao Hot. Construir no Parque tinha o perigo do próprio Jardim Botânico», refere.

Telmo Correia, do CDS-PP, concorda que tem de haver uma solução e compreende a ideia de ter um projecto emblemático na cidade, mas «se calhar é preciso ver se não é possível fazer um projecto que seja mais barato», diz.«Há seguramente soluções portuguesas, com arquitectos portugueses. Obviamente que essa solução tem de contemplar a natureza daquela zona, que foi sempre de espectáculos, de teatro, de revista e isso não se pode perder», acentua.Manuel Monteiro, do PND, é o único a aprovar, no essencial, as ideias de Santana Lopes para o Parque Mayer.Para Garcia Pereira, do PCTP/MRPP, há questões mais urgentes, embora defenda a preservação daquele espaço para ser simultaneamente um local de cultura e lazer.«Mas essa é uma questão que tem de ser decidida pela cidade e não entregue a projectos megalómanos, embora eu não seja nada adepto de um discurso miserabilista que é muito frequente fazer-se relativamente ao lançamento de novos empreendimentos», diz.

Segundo Gonçalo da Câmara Pereira, do PPM, a questão é simples: não requalificar, mas sim restaurar.
«O Parque Mayer sempre foi um local de cultura popular, designadamente de revista», diz o candidato, que gostaria de restaurar os teatros e entregá-los aos intérpretes desta forma de expressão lisboeta - Fernando Mendes, Marina Mota, José Raposo, Maria João, entre outros.«É fundamental para a vida de Lisboa», considera.

Pedro Quartin Graça, do MPT, quer a ligação e continuação do Jardim Botânico, uma antiga aspiração dos lisboetas, «podendo mesmo servir de passeio dos munícipes de Lisboa, conjugado com a recuperação do Capitólio e a construção de alguns equipamentos culturais no local».

De acordo com o candidato do PNR, José Pinto Coelho, o Parque deve ser transformado «num jardim aprazível, mais um pulmão verde para a cidade».O partido apoia o teatro de revista, mas defende que não tem necessariamente de estar concentrado no Parque:«pode ser disperso por outras zonas da cidade», diz o candidato, que também defende a extensão do Jardim Botânico, a preservação do Capitólio e de algum outro edifício que seja aproveitável.

in Jornal Sol

1 comentário:

Anónimo disse...

A recente posição de Antonio Costa, sobre o que fazer com o parque Mayer, é uma clara cópia das ideias já apresentadas por outro candidato (José Pinto Coelho), antes de sequer Antonio Costa ter pensado o que fazer com o parque Mayer!
Aliás basta consultarem o programa para Lisboa de José Pinto Coelho, logo feito no inicio da candidatura e as suas ideias para o parque Mayer estão lá bem explícitas!